30 outubro 2006

SÔFREGO

Sôfrego-mortal de uma criatura imolada em holocausto

Surgiu nas penumbras e pulou sobre a carcaça.Arrancando sua pele com os dentes,chacoalhou e gargalhou.
Rosnou entre os dentes.Soltou uma risada sarcástica e torceu a presa com as mãos.Sintomas hilariantes de sucesso.Era um lunático e seu objetivo mais ou menos consciente era o caos.
Rolou na sujeira dando pulos e cambalhotas.Tinha a liberdade de escolha entre a insanidade de um lado e a demência de outro.Por fim,escolheu o primitivo sôfrego.
O sangue molhava-lhe os cabelos e corria pela barba.
Ele abriu a barriga do arcabouço e chupou-lhe as tripas.E no meio da sugação e comilança engasgou,tossiu,quase vomitando.A tripalhada ia da barriga morta até o seu estomago,passando pela sua garganta,roçando e ativando cada vez mais sua aflição e ância.
A tripalhagem agora lhe sufocava.Sem respirar,caiu sobre o corpo se contorcendo com as mãos no pescoço.E tudo terminou numa autotortura maníaca e num desespero suicida.
E assim morreram miseravelmente.

bY:lUIZA
bJOSS
(LU=AMO TE)

25 outubro 2006

Última Dose na Última Madrugada

Num súbito piscar de olhos, no breu momentâneo...
De sonhos foi feito o universo enquanto a luz se apagou.
E dos sonhos foi feita a desilusão enquanto se esperava o que não vinha
E da desilusão foi feito o ódio enquanto se planejava a vingança
E do ódio foi feito o prazer enquanto se executava a pena capital
E do prazer foi feito o êxtase enquanto se sentia completo e satisfeito
E do êxtase foi feita a dúvida enquanto se lembrava do passado
E da dúvida foi feito o arrependimento enquanto se fumava um charuto paraguaio
E do arrependimento... foi feito o pleito enquanto se puxava outro trago
E do pleito foi feito o veredicto enquanto se atirava o resto de cigarro sobre o passado enterrado.
E assim se calou; tudo se fez do nada
A última dose na última madrugada...
Completo, abafado e findado...
Faça-se a luz!
(Will e Érica)

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Eu sei que determinada rua que eu já passei não tornará ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos e que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez
A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compôr amanha?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim, pois em qualquer lugar esperas só por mim
E do teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar. Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida...
(Raul Seixas)


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Seja a morte física ou a morte metafórica
Que após ela venha a alegria
Deixando para trás tudo o que era velho e acabado (findado e mofado!)
Para receber a perfeição
Porque a borboleta precisa deixar de ser lagarta para voar...

"Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Venha que o que vem é perfeição..."
(Legião Urbana)

14 outubro 2006

COMO TUDO COMEÇOU

Como tudo começou

Tudo estava quieto
Tudo ficou sonoro
Me agarrei em teus olhos
belos e luminosos como um pecado
Não pude fugir daquele beijo
Você me envolveu (completamente)

E eu deixei
Dócil, me entreguei à morte tentadora
Docemente, sem reagir ao sacrifício

De teus olhos pingava labaredas
E eu peguei fogo, e gelei
Você me caçou
e cuidou para que o mato estivesse ardendo

E eu deixei
Dócil, me entreguei à morte tentadora
Docemente, sem reagir ao sacrifício

Tudo começou com um sim
Hoje não posso mais fugir
Tudo começou pelo início
Aconteceu antes de acontecer

Tudo começou com um sim
Hoje não posso mais fugir
Tudo começou pelo início
Aconteceu antes de acontecer




bJOS
LuizA

11 outubro 2006

.::Juntando Pontos::.

Pontos Heróicos

Não queira ser herói
Não te esforces para ser lembrado
Pois herói é aquele que sofre em vida
Para ser lembrado postumamente
Todo esse sofrimento
Todo esse desgaste
Resultará inútil
É de todo infrutífero
Indifere o fardo colossal que carregastes
Serás lembrado com um mísero "Aquele danado..."
Que incrível! O danado bom homem...
Mártir do que lhe causam
Torna-se herói de seu próprio carrasco
Incoerentemente, imundamente natural e comum
Seja pois teu próprio herói
E terás um carrasco benevolente
Que será apenas uma parte do todo
E será real como você mesmo
Um ponto infinito numa reta sem fim...

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De que adianta fazer o melhor possível?
De que adianta esforçar-se ao máximo?
Se vences a Esfinge te dão Quimera e Minotauro
"Satisfaz-me ou te devoro!
Satisfar-me-ei de todo jeito..."
Eles sempre terão o que querem
E eu?
O que terei?
Terei algo além do suor?
Algo além do meu esforço gerando frutos para outros?
Mais do que minha vida por teu conforto?
Mártires... Mártires... Mártires...
E que eu farei?
Trabalharei...
Serei um otário novamente...
Darei meu sangue...
Minha vida...
Porque no fim das contas
Quem ganha sou eu.
Queiram vocês ou não...

03 outubro 2006

Velha História

Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenino e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés. Como era tocante vê-los no "17"! - o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a chícara(*) de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava lajanjada por um canudinho especial...
Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. e disse o homem ao peixinho:
"Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubarte por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!..."
Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n'água. E a água fez um redemoinho, que foi depois serenando, serenando... Até que o peixinho morreu afogado...
Mário Quintana