Idéias Utópicas Reais
Querido Diário
(Tópicos para uma semana Utópica)
Segunda-Feira:
Criar a partir do feio
enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo
Terça-Feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro
Quarta-Feira:
Magia acima de tudo
Drogas, barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo
Quinta-Feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos
Sexta-Feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cú
com os sentimentos mais nobres
Domingo:
Não pisar m falso
Nem nos formigeiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho.
Cazuza, 1978.
(Tópicos para uma semana Utópica)
Segunda-Feira:
Criar a partir do feio
enfeitar o feio
Até o feio seduzir o belo
Terça-Feira:
Evitar mentiras meigas
Enfrentar taras obscuras
Amar de pau duro
Quarta-Feira:
Magia acima de tudo
Drogas, barbitúricos
I Ching
Seitas macabras
O irracional como aceitação do universo
Quinta-Feira:
Olhar o mundo
Com a coragem do cego
Ler da tua boca as palavras
Com a atenção do surdo
Falar com os olhos e as mãos
Como fazem os mudos
Sexta-Feira:
Assunto de família:
Melhor fazer as malas
E procurar uma nova
(só as mães são felizes)
Sábado:
Não adianta desperdiçar sofrimento
Por quem não merece
É como escrever poemas no papel higiênico
E limpar o cú
com os sentimentos mais nobres
Domingo:
Não pisar m falso
Nem nos formigeiros de domingo
Amar ensina a não ser só
Só fogos de São João no céu sem lua
Mas reparar e não pisar em falso
Nem nas moitas do metrô nos muros
E esquinas sacanas comendo a rua
Porque amar ensina a ser só
Lamente longe, por favor
Chore sem fazer barulho.
Cazuza, 1978.